Entrevista com o CEO José Carlos Magalhães
O mês de setembro foi marcado pela chegada de José Carlos Magalhães ao UnitedHealth Group Brasil, e não perdemos a oportunidade de bater um papo rápido com o novo CEO. Confira abaixo a entrevista e saiba um pouco mais sobre o executivo.
Quem é José Carlos Magalhães?
José Carlos Magalhães: Sou de uma família pobre de comerciantes. Imigrantes portugueses que precisaram lutar muito para se estabelecer no Brasil. Sou o mais velho de três irmãos, e o único que chegou a fazer uma faculdade. Meus pais não me deixaram dinheiro nem bens materiais, mas eu tive a felicidade de herdar algo muito mais valioso: o rigor moral que eles sempre me passaram.
Como foi o seu início na empresa?
JCM: Eu sempre quis fazer medicina, mas, como minha família não tinha condições de pagar pelos meus estudos, só havia uma opção: passar para uma universidade pública. Então, eu tive que ser estudioso. Assim que terminei a escola, passei para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 1983, quando já estava no meu quinto ano de faculdade e decidido a ser um pediatra, existia um hospital, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, que era referência nessa especialidade. Todos os estudantes de medicina que se interessavam por pediatria lutavam por um estágio lá, e eu não era diferente. Resolvi, então, participar do processo seletivo. Eram 28 vagas e 100 concorrentes. Passei raspando, na 27ª posição! (risos) Foi aí que começou a minha história na unidade que hoje conhecemos como Hospital de Clínicas Mario Lioni e, consequentemente, na Amil.
Quando você percebeu que a sua carreira poderia ir além da pediatria?
JCM: Depois de dois anos estagiando, passei, oficialmente, a ser médico do hospital. A partir de então, eu posso dizer que fiz quase de tudo dentro da minha área. Fui plantonista, trabalhei na UTI pediátrica, me tornei diretor médico e cheguei a diretor do hospital. Foi aí que eu comecei o que o saudoso Edson (de Godoy Bueno, fundador da Amil) gostava de chamar de job rotation.
De onde surgiu o talento para ser gestor?
JCM: O Edson estimulava muito que a gente rodasse os hospitais, e, nessas andanças, eu fui, cada vez mais, me interessando pela parte de gestão. A Amil tinha como característica oportunizar que médicos administrassem o negócio, e, assim, eu fui me desenvolvendo. Trabalhei na área de relacionamento médico, fui diretor da rede de hospitais do Rio de Janeiro, diretor dos ambulatórios da capital fluminense… Até que, em 2000, a Amil entrou forte nas aquisições, e eu tive a oportunidade de participar ativamente de várias delas. Eu era a primeira cara que as empresas pelas quais estávamos interessados viam nas conversas.
E como você foi parar em Portugal?
JCM: No segundo semestre de 2012, em meio às negociações com o UnitedHealth Group, a Amil viu, na aquisição da Lusíadas Saúde, a oportunidade de internacionalizar a marca para a Europa. Confesso que, no início, apesar de ser filho de portugueses e ter a cidadania portuguesa, não conseguia enxergar valor nessa movimentação para Portugal. Puro preconceito! À medida que o projeto ia evoluindo, eu me encantava mais e mais. Até que tudo se concretizou, e eu não deixei ninguém mais chegar perto. É meu! E assim foi. No fim daquele ano, eu cheguei a Portugal para ficar. Foram cerca de seis anos, nos quais pude ajudar a empresa a crescer em número de leitos e serviços.
Como surgiu o convite para liderar o UnitedHealth Group Brasil?
JCM: Não foi uma coisa súbita. A Molly (Joseph, CEO da UnitedHealthcare Global) acompanha de perto todas as operações do grupo, e acabamos nos tornando muito próximos. Em nossos contatos, sempre demonstrei a ela que tinha o desejo de voltar ao Brasil. Quando surgiu a oportunidade, não tinha como dizer não, né?
Qual é a sua principal meta como CEO da empresa?
JCM: O desafio é dar continuidade às coisas boas que temos feito, intensificando a parte relacional. Nos últimos anos, a empresa se estruturou bastante. Aumentamos o nosso poder de análise, desenvolvemos a nossa tecnologia e nos tornamos mais disciplinados. Agora, temos que usar tudo isso para construir relacionamentos ainda mais sólidos. A nossa empresa sempre se caracterizou por ser muito próxima de colaboradores, médicos, clientes e corretores, e queremos fortalecer isso.
A equipe está preparada para esse novo momento?
JCM: Nossa empresa conta com profissionais de extrema excelência. Um grupo formado por lideranças energizadas e colaboradores de muito talento. Estou aqui para ajudar cada um a desenvolver o seu melhor e tenho certeza de que seremos capazes de cumprir todos os objetivos que traçarmos. Sou muito grato de poder chegar ao UnitedHealth Group Brasil neste momento.
Em termos de investimentos, o que muda?
JCM: No início do ano, inauguramos o Hospital Samaritano Paulista, um dos mais modernos do país. Neste mês, anunciamos a aquisição das empresas Radium e Eye Clinic. Então, podemos dizer que os investimentos não param.
Isso significa a aquisição de novos hospitais?
JCM: É claro que não vamos fechar os olhos para oportunidades de mercado, mas eu diria que o nosso foco agora está na atenção primária. Nos últimos dias, inauguramos o Americas Medicina e Saúde – um hospital dia com ampla capacidade outpatient – e estamos caminhando, cada vez mais, rumo à ambulatorização. Queremos construir uma rede ambulatorial poderosa e resolutiva. Temos que avançar como promotores de saúde.